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Intercâmbio: por que o "depois" pode importar mais?


"Talvez a principal razão para passar um tempo fora estudando não seja apenas aquilo que vivenciaremos ao longo desse tempo. A principal razão é a nova forma como olhamos para o nosso próprio futuro depois que voltamos ao Brasil."

Pessoas fazem intercâmbio para aperfeiçoar algum idioma e conhecer um novo lugar. Essas são, normalmente, as duas principais razões para investir em estudos no exterior. Sem dúvida, são dois objetivos bastante importantes, mas acho que a principal vantagem nesse tipo de viagem está além, muito além, desses dois pontos.

O mundo é maior do que a nossa cidade

Quando viajamos pela primeira vez, descobrimos realmente que o mundo é muito maior do que a nossa pequena cidade. O Brasil é imenso, sim, mas é apenas uma das mais de 200 nações listadas pela ONU. Ou seja, mesmo que você conheça diversas regiões do Brasil, você apenas experimentou, viu ou conheceu menos de 0.5% do que existe neste mundo.

Conhecer o que há aqui fora, no exterior, é importante por várias razões. Isso nos faz entender melhor os conflitos que existem mundo afora (muitos dos quais não vemos no Brasil). Também nos faz perceber como há mais variedade de coisas no mundo do que pensávamos antes: culturas, comidas, costumes. Passamos a conhecer pessoas dos quatro cantos do mundo, e cada uma delas terá uma história bastante diferente da nossa. Conviver com o diferente nos faz evoluir, pois aprendemos como diferentes pessoas lidam com problemas semelhantes. O Brasil é muito variado culturalmente, é claro, mas em termos de nacionalidade, trata-se de um país bastante homogêneo. Quantos não brasileiros você conhece? No seu trabalho? Na sua universidade? No seu bairro? Poucos, certo? Apesar de imenso, o Brasil é composto quase que unicamente por brasileiros.

Ver o mundo a partir de outro(s) país(es) também nos permite entender melhor os contrastes do nosso próprio país de origem. Se vamos estudar em um país bastante desenvolvido, testemunhamos como é estar em um ambiente em que as coisas funcionam de forma mais fluida; em que as pessoas cuidam das suas próprias vidas e respeitam as escolhas de seus vizinhos; em que a corrupção não é tão elevada a ponto de atrapalhar substancialmente o desenvolvimento social de um país inteiro. É importante ver e vivenciar isso, para que percebamos que há, sim, lugares melhores.

Quando vamos a um país menos desenvolvido, o contrário pode ocorrer: passamos a dar mais valor ao que temos de bom em nosso país natal—e acredite: todo país tem coisas boas e coisas ruins (a diferença é basicamente a proporção). Mesmo que você nunca vá a um país de extrema pobreza (eu nunca fui), você pode conhecer pessoas que vieram desses países, e ouvir a história dessas pessoas certamente fará você repensar muitas coisas.

A importância do pós-viagem

Uma viagem é uma experiência inesquecível—literalmente. Digo isso porque é justamente depois da viagem que talvez consigamos realmente processar algumas coisas. Ao longo das semanas em que você estuda no exterior, tudo é muito rápido e intenso, e você não tem muito tempo para refletir sobre o significado daquilo tudo. Por essa razão, quero falar um pouco do pós-viagem — e por que esse momento é talvez um dos principais motivos para fazer um intercâmbio.

Às vezes me pergunto onde eu estaria hoje se não tivesse feito minha primeira viagem de estudos. Aquela viagem acabou gerando outras (a trabalho), e uma dessas outras me trouxe ao Canadá em 2008. Quando voltei ao Brasil depois de um mês em Toronto, decidi que iria imigrar. Teria imigrado se nunca tivesse vindo…? Provavelmente não.

O pós-viagem nos faz pensar muito. Voltamos à “realidade”, ou seja, ao lugar onde moramos, estudamos, trabalhamos. Muitas pessoas, contudo, começam a questionar por que esta é, de fato, a “realidade”. Afinal, não temos nenhum controle sobre a nossa própria realidade? E se aquele lugar fosse a minha realidade…?

Normalmente, percebemos alguns contrastes fortes, e passamos a considerar diversos planos. Grande parte dos alunos que já acompanhei ao exterior desejava voltar ao exterior em um futuro próximo, imigrar, morar fora (ao menos por um tempo). Quando descobrimos o que há para além das fronteiras do nosso país, somos bombardeados com ideias e planos, que, com o tempo, se acalmam um pouco (em algumas pessoas). No fundo, todos queremos mudar para melhor, afinal.

Por tudo isso, talvez a principal razão para passar um tempo fora estudando não seja apenas aquilo que vivenciaremos ao longo desse tempo. A principal razão é a nova forma como olhamos para o nosso próprio futuro depois que voltamos ao Brasil.

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