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3 mitos sobre o inglês que você não deveria reproduzir


Certamente, você já ouviu proposições do tipo: "o correto é falar inglês sem sotaque", "falantes nativos são melhores professores de inglês", "o inglês britânico é mais correto que o americano". Quando o assunto é língua, parece que todos têm autoridade para falar sobre. Muito em função disso, às vezes, sem perceber, acabamos tomando como verdades discussões profundas que o senso comum se encarrega de simplificar. Pensando em três mitos que costumam ser reproduzidos sem reflexão por muita gente, convidamos nosso professor Guilherme D. Garcia para tratar o assunto.

1. O correto é falar sem sotaque?

Todo mundo tem algum sotaque: se você é um ser humano, você tem algum tipo de sotaque. O nosso sotaque faz parte da nossa identidade, e não há absolutamente nada de melhor ou pior em um sotaque. Existem, sim, diferentes tratamentos sociais que se baseiam em algum tipo de preconceito. Nos EUA, por exemplo, existe um certo preconceito com o sotaque sulista (da mesmo forma que no Brasil há um certo preconceito com o sotaque nortista).

Do ponto de vista linguístico, todo e qualquer sotaque é natural, e nenhum sotaque é melhor ou pior. Programas de TV (como Jornal Nacional) tentam neutralizar qualquer marca forte de sotaque (você já percebeu que os apresentadores não têm um sotaque forte carioca/paulista/mineiro…?). Isso ocorre porque o programa tenta ser o mais neutro possível, já que é assistido por pessoas que têm diversos sotaques.

Quando você aprende uma segunda língua depois de uma certa idade, muito provavelmente você terá um sotaque de sua língua nativa. Isso é natural, e não há por que tentar esconder isso. Pense assim: você fala duas línguas, e seu sotaque é prova disso. Um nativo norte-americano típico fala apenas uma língua. Ponto pra você. Além disso, lembre-se que o que realmente importa é o que você fala, e não o sotaque que você possui. Preocupe-se com o conteúdo antes do sotaque.

2. Falantes nativos são melhores professores?

Se você quisesse aprender português, você pediria a qualquer falante nativo ou procuraria um professor de português? Nativos que não têm formação para ensinar não serão bons professores. Dar aula vai muito além de apenas conhecer uma língua. É preciso entender os porquês do sistema, e saber dar explicações que façam sentido e se adequem ao nível de um determinado aluno.

Professores que falam a sua língua além da língua que você estuda têm diversas vantagens. Em primeiro lugar, eles conseguirão antecipar os tipos de dúvidas que você terá, pois sabem de que língua você está partindo. Em segundo lugar, esses professores tiveram de estudar a língua (assim como você), detalhe a detalhe, e, portanto, têm um conhecimento minucioso sobre aspectos estruturais que, por exemplo, muitos nativos não possuem.

O que realmente importa não é se o professor é nativo ou não. O que importa é o conhecimento, a formação e a competência desse professor—sendo ele nativo ou não. A qualidade de um professor independe de sua língua nativa. E se sua preocupação é o sotaque (não deveria ser!), existem muitos e muitos professores não nativos sem sotaque de suas línguas maternas. Além disso, lembre-se de que aproximadamente dois terços dos falantes de inglês do mundo não são nativos.

3. O inglês britânico é mais correto do que o americano?

Por quê? Não existe uma língua (ou um dialeto) mais ou menos correto. Talvez algumas pessoas achem que o francês da França é mais correto do que o da Suíça porque aquele veio antes deste. Na verdade, não existe absolutamente nada que sustente essa ideia: não há línguas “certas” ou línguas “erradas”. Há, sim, línguas mais faladas, línguas mais flexíveis, línguas mais complexas etc.

O mesmo se aplica ao português do Brasil e ao português de Portugal. Você pode gostar mais de um sotaque ou de uma língua, mas isso não significa que essa língua seja mais correta. Há, sim, uma questão de disseminação: ou seja, quanto mais pessoas ao redor do mundo falarem uma dada língua, mais vantagens comunicativas essa língua terá.

O francês, por exemplo, é falado (nativamente) em todos os continentes. Isso oferece uma vantagem à quem domina esse idioma. O inglês, indiscutivelmente, é a língua mais global, o que também a torna mais flexível do que alemão, francês etc.

Línguas são parte central de uma cultura. Portanto, é evidente que algumas línguas terão um status mais elevado na opinião popular: países economicamente mais potentes, com culturas mais disseminadas (influentes), elevarão a importância de suas línguas. Esse é o caso do inglês, que domina a ciência, a tecnologia, a computação, a economia, e tantas outras coisas (é, assim, uma “língua franca”).

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