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Por que você pararia o que está fazendo para ler este texto?


como aprender a escrever

Há filmes que nos "pegam" nos seus minutos iniciais e outros que dormimos antes que aconteçam; há propagandas roubam nossa atenção e outras que contamos os 5 segundos ansiosamente antes de que as pulemos no Youtube; há textos que paramos o que estamos fazendo para conhecê-los e outros que não terão nem o início do segundo parágrafo lido: por quê?

Em um mundo cada vez mais cheio de conteúdo, o grande desafio do título de um texto é fazer com que o leitor leia o primeiro parágrafo. O desafio do primeiro parágrafo é que o leitor alcance o segundo e assim sucessivamente. Esta razão que nos conduz até a última frase de um texto é a qualidade discursiva chamada de QUESTIONAMENTO.

Este texto faz parte de uma série de quatro posts intitulada "4 Dicas que irão transformar sua forma de escrever (completamente)". Opcionalmente, você pode LER A PARTE 1, a PARTE 2 e a PARTE 3 antes de prosseguir com esta leitura.

Dica 4 - QUESTIONAMENTO

Nossos dias, em geral, são ordinários (tomando a palavra no sentido daquilo que é comum, frequente). Acordamos, trabalhamos, estudamos, comemos, acompanhamos nossas redes sociais. No entanto, há dias em que acontecem coisas extraordinárias, essas que nos fazem ligar para um amigo e dizer: tenho uma para te contar. Certamente quando anunciamos essa frase para alguém, temos a convicção de que aquilo que temos para contar é altamente relevante para quem vai ouvir. Essa mesma convicção é a que deveríamos ter quando escrevemos um texto. Somente assim o leitor não chegará ao final da leitura se perguntando “o que que eu tenho a ver com isso?"

Alcançamos o QUESTIONAMENTO em nossos textos não apenas relatando aquilo que está na ordem do extraordinário (como em é um caso raro: meu pai tinha 70 anos quando eu nasci), mas também quando consideramos o tema de que vamos tratar (seja lá qual for ele) como um problema a ser “resolvido”, o qual convoque o nosso leitor a participar de sua solução e a mobilizar suas energias intelectuais. Além disso, precisamos despertar seu interesse (de inter esse, estar entre), deixando bem claro que o leitor tem muito a ver com aquilo que o texto está falando. Levar em conta esses aspectos foi o que fez com que o texto de Beatriz Franco viralizasse no facebook nos últimos dias, tendo incríveis 366 mil curtidas e mais de 55 mil compartilhamentos. Perceba como o início do seu relato nos dá uma razão para pararmos um pouco nossa vida para entendermos como Beatriz encaminha uma solução para determinada situação que sob sua perspectiva é inusitada e problemática:

"Me descobri preconceituosa. Eu, que defendo tanto a igualdade de gêneros, de cor, de religião, que tenho amigos gays, nordestinos, evangélicos, jovens, velhos, com dinheiro e sem, até coxinhas e petralhas! Explico: Nos últimos meses, minha área de trabalho – como muitas – está muito ruim. Em quatro meses não consegui quase nada. Então, depois de meses me enterrando num sofá perdendo tempo, vida e dinheiro, surgiu a oportunidade de ajudar uma amiga atendendo clientes em sua loja de doces. Quatro vezes por semana, período da tarde, remunerado. Uma boa forma de ocupar a cabeça, sair de casa e ter algum dinheiro. Foi aí que veio o primeiro julgamento: Eu, balconista? Jornalista, três idiomas, currículo em comunicação, trabalhando de touquinha na cabeça servindo os outros? Foi difícil tomar essa decisão, mas aceitei, estou precisando.”

Dentre as quatro qualidades discursivas, o questionamento é a mais valiosa. Quem trabalha com propaganda sabe disso há muito tempo, afinal pouco vale produzir um conteúdo incrível se as pessoas não irão parar o que estão fazendo para conhecê-lo. É frustrante, da mesma forma, escrevermos textos em nossa rede social que não serão lidos nem curtidos. Por outro lado, temos a real noção de valor quando pensamos o questionamento pela perspectiva contrária: dizer algo que todos querem ouvir pode inflar nossos cofres, nosso ego, nossas relações pessoais e profissionais.

O objetivo da nossa série de quatro posts sobre as qualidades discursivas - bem como o objetivo dos cursos de escrita do Instituto Língua Portuguesa - é ajudar quem escreve a responder as perguntas: o que é mesmo que eu quis dizer sobre este assunto exatamente para estas pessoas? o que acabei dizendo? por que não cheguei a dizer o que eu queria e como queria? o que ainda quero dizer e como fazer para que a leitura deste texto mais contundentemente atinja meus leitores?

Caso você queira conhecer mais profundamente nosso trabalho, estaremos fazendo uma aula experimental gratuita do Módulo de Escrita I no dia 26/07 (terça-feira) às 19h. Para mais informações e se inscrever, basta clicar aqui.

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